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Noites de Verão

Noites de Verão

19
Fev18

Da galinha nasce uma canja, mas da canja não renasce a galinha.


Paula Custódio Reis

 

ovo de ouro.png

arame farpado.jpgpoluição.jpg

 

Fui criada num tempo, em que as histórias contadas pelos mais velhos eram uma forma de nos manter entretidos e, ao mesmo tempo, passar conhecimento moral.

Uma delas, contava a mais que famosa história de um casal que, não contente com a entrega diária de um ovo de ouro, matou a galinha, com a ambição desmedida de ter mais em menos tempo.

Há cerca de duas décadas atrás, ouvindo um experiente interventor da dinamização turística nacional, gravei uma frase na memória: «Não queiram vender o peixe que não têm na canasta». Imediatamente liguei esta expressão à história da malfadada galinha, que morreu cedo demais.

Às vezes, as condicionantes de um sucesso futuro são tantas, que alguma pode ser incidentalmente descurada.

Às vezes, subestimamos aquilo que pode ser uma condicionante do sucesso, por não conseguirmos ver o seu alcance na prática.

Às vezes sobrevalorizamos o nosso papel de controlador ou decisor de um processo, não tendo, na prática, essa tão grande capacidade de controlo.

Às vezes tomamos como pormenores, aspetos que são pormaiores.

Às vezes deixamo-nos embalar no doce canto das sereias que, ao longe, nos dizem que o caminho mais fácil é o melhor caminho.

Este fim-de-semana, de visita ao litoral próximo da Capital, dei-me conta, mais uma vez, da expansão voraz da malha urbana, naqueles sítios.

A juntar a isso, os atropelos vindos das décadas em que tudo era possível e permitido, derivando num arranjo costeiro desorganizado, demasiado lotado, feio à vista, inimigo do ambiente e da paciência dos visitantes.

O setor da hotelaria reclama da não existência de mão-de-obra (qualificada ou não) mas, ao mesmo tempo, vende o que não tem, quer seja em qualidade do que serve, quer seja no atendimento com que nos serve.

E a política de preços? Os mesmos que praticam desde que alcançaram o patamar da fama.

Hoje em dia é difícil reverter muitos dos abusos consentidos em décadas anteriores, mas não será admissível cair nos mesmos erros.

Por isso, tenho esperança que o abandono de décadas, que manteve intactas muitas riquezas, no interior de Portugal, possa vir a constituir-se uma mais valia na exploração de produtos autóctones, na intervenção turística, na divulgação histórica.

Mas, para isso, é preciso que os decisores respeitem o território e o conheçam.

É preciso que o território saiba respeitar-se e defender-se a si próprio, não consentindo nas opiniões de quem manda, só porque manda. A autoridade dá-se a alguém porque tem conhecimento e respeito, não porque toma as decisões fáceis de empurrar o lixo para o quintal dos outros.

O interior não pode ser a divisão dos arrumos do País, onde tudo cabe, porque afinal ninguém lá dorme e faz muita falta esconder o que está a mais.Não nos podem prender a um futuro, ligado a estruturas que ninguém quer por perto. Não queremos mais do mesmo. Não vamos continuar a ser invisíveis e mudos.

 

Acho que esta falta de visão e perspetiva se resolveria, se se aplicasse uma regra que preconizo para quem faz o projeto de um edifício: o responsável de um projeto deveria ser obrigado a morar/trabalhar no edifício em questão, durante o primeiro ano, após a sua construção.

Saibamos construir em conjunto e para o conjunto, não esquecendo nunca, que somos uma parte dele.

10
Nov17

O que é que nós temos para oferecer (que seja diferente)?


Paula Custódio Reis

turismo acessível.jpg

 

Por formação e prática, a área do Turismo é, para mim, apaixonante. Por sensibilização profissional, a reabilitação, a integração, o acolhimento da pessoa com deficiência, são temas sempre presentes.

Hoje soube de uma iniciativa que fez disparar um click: associar tudo o que fazemos de muito bem nestas duas áreas.

Indubitavelmente, este País, no seu todo, tem ainda muito por explorar, no que ao Turismo diz respeito. Indubitavelmente também, a grande maioria dos seres humanos caminha para ser portador de algum tipo de deficiência. Indubitavelmente, temos obrigação de tornar os equipamentos da «Indústria da Paz» acessíveis a todos.

Eu, por exemplo, imagino-me a passear até ao fim dos meus dias. Espero fazê-lo sempre com o máximo de condições, que me garantam poder usufruir de tudo.

Então, se temos potencial turístico a explorar, se precisamos de o explorar, se somos bons Cuidadores, se o Mercado Social é, cada vez mais, uma das grandes apostas do País, e se o fazemos com qualidade, juntar os dois só pode ser uma daquelas ideias tão evidentes que só podem ser brilhantes…

Depois da guerra dos incêndios, com as promessas de que o País não pode continuar a ser olhado pelo prisma anterior, este parece-me ser um dos caminhos que estaremos naturalmente talhados para fazer bem.

Saibamos ter a empatia necessária para nos colocarmos no lugar do outro, na tomada de decisões de investimento ou requalificação. Saibamos estabelecer as pontes necessárias entre os agentes económicos, as diversas entidades do Estado e os interventores na área dos cuidados, e sairemos todos a ganhar.

E é tão fácil construir pontes num País tão maravilhosamente pequeno…

Saibamos todos dar o melhor de nós...

01
Fev17

«E o que é que nós temos para oferecer?»


Paula Custódio Reis

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 Domingo de ramos.jpgOcreza.jpgfonte velha.jpg

 5.jpg1.jpgFolar.jpg 

Esta é uma pergunta comum, que nos colocamos quando iniciamos um projecto, pricipalmente na área turística.

Tendemos a minimizar o que nos é familiar e disponível. Não conseguimos ter a perspectiva da valorização territorial.

E, um dia, damos por nós a encontrar evidências: o que de melhor temos para oferecer, é o que temos de mais nosso. O que é inquestionavelmente genuíno e diferenciador, quer se trate de Património Construído (incluindo a natureza no seu papel de construtora), quer do Património Imaterial que o habita, que lhe dá uso e sentido.

O que temos de melhor vai semear saudades, boas memórias. Vai ser responsável pela vontade de voltar.

O turista do século XXI está cansado do standardizado, vem à procura de novidade, de diferença, de aprendizagem.

E nós temos muito disso para oferecer e mostrar. E temos a vantagem da grande diversidade que encontramos neste pequeno País. «Daqui se avistam terras de Espanha e areias de Portugal».

Gosto muito da idéia de que o Turismo é a Indústria do Tempo de Paz. E acredito que esta será sempre, uma fonte de subsistência para nós. Saibamos nós aproveitá-la.

Neste campo, a intervenção no território tem que ser a suficiente para que este se torne acessível e conhecido, respeitando-o na sua matriz. De resto, a Indústria de Paz basear-se-á também no conceito de liberdade do seu usufrutuário. No conceito de liberdade de escolha e de tempo disponível, adaptando a sua estadia a estes dois itens. A limitação apenas deverá ocorrer com base no gosto pessoal.

 Porque gosto muito do cantinho da Beira Baixa onde cresci, junto alguns postais, de uma área de uma freguesia rural. Imaginem a diversidade que é possível acrescentar-lhe ou, em alternativa, imaginem, somente, o que há por aqui para oferecer.

 

 

 

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