Da Ecologia
Paula Custódio Reis
Em casa da minha avó, tudo era reutilizado. Tudo tinha mais do que um uso. «Quem guarda, acha», era o mote.
Os sacos de plástico, em que transportava as compras do comércio, eram utilizados vezes sem fim. Quantas vezes me lembro de, ao ver um estendal cheio de sacos acabados de lavar, pensar que a minha avó era pouco moderna.
Os frascos de café, haviam de servir para guardar doce de tomate. Os copos de iogurte, serviam de incubadora de plantas. Nas latas com tampa, no fim do verão, guardava as sementes para a época seguinte. Os papéis infinitos das nossas vidas, eram postos em cima da mesa, com o recado para o meu avô saber onde ela tinha ido. Prato esbocelado, servia de base a vasos de flores. Da roupa velha da casa, faziam-se mantas de trapos.
Os eletrodomésticos duravam uma vida. Os móveis passavam de geração. As casas eram para sempre.
Da mesma forma que as plantas davam o sustento e a semente, cada objeto era analisado para uso futuro.
A preguiça, que a abundância nos trouxe, tornou-nos gastadores desleixados. Conhecemos melhor o Mundo e seus limites, mas respeitamo-lo muito menos.
A abundância torna-nos preguiçosos.
Até quando?