Ciceronear
Paula Custódio Reis
«…Parece que a palavra (cicerone) foi utilizada primeiramente para descrever idosos com conhecimentos que mostravam e explicavam aos estrangeiros as antiguidades e curiosidades do país (segundo a definição do Novo Dicionário Inglês de 1762).»
O Beirão gosta de receber. Fica contente em mostrar a sua terra. Daí que, sempre que possa, convida amigos para a virem conhecer.
Conhece os caminhos, as maravilhas novas e antigas da sua terra e, por isso, sente-se muito bem neste papel.
Sabe que conta com redes formais e informais de gentes que, como ele, gostam muito deste cantinho, e tudo farão para o ajudar, nesta sua tarefa de bem receber.
Sendo, como diz a cantiga, um «coração da Serra», gosto muito de ciceronear.
E gosto muito, porque sei que, também eu, vou descobrir e aprender muito. Vou partilhar e receber sorrisos, conhecimentos e bons momentos.
Porque ser cicerone, por estas bandas é subir à Gardunha e descer ao Tejo, para navegar envoltos em Natureza silenciosa.
É ir molhar os pés à Ocreza e contemplar cenários de contos de fadas.
É passar pela Marateca e ir apanhar cerejas ao pomar do produtor.
É ser recebida em casas comerciais como se estivéssemos em casa de amigos. Provar enchidos, queijos, pão, migas, açordas, peixe do rio, carnes, fruta, doces com sabor genuíno e que vão marcar saudades.
Passear por ruas centenárias, deixar-se envolver pela História e ser abordado pelos moradores, que nos perguntam de onde vimos e nos desejam saúde, bom caminho e agradecem com Bem Hajam, simplesmente porque outros dizem que gostam muito do que é nosso.
É conhecer estruturas novas que dão a conhecer a nossa História, ou que acolhem artes que nos fazem alargar horizontes.
Em suma, ciceronear é partilhar para receber. É dispor do nosso tempo, para construir mais orgulho. É contribuir para defender o nosso Património.