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Noites de Verão

Noites de Verão

24
Nov16

«A Canção Raiana Perdida»


Paula Custódio Reis

Porque o Património Imaterial é o que verdadeiramente pertence a todos.

Porque este documentário está repleto de Beira Baixa.

Porque está cheio de gente linda e sábia.

Porque quero inundar de orgulho os amigos de perto e despertar a curiosidade dos amigos de longe.

Bem Haja a quem trabalhou para esta maravilhosa recolha.

23
Nov16

Do Espírito de Missão


Paula Custódio Reis

 

s fiel.jpg

 

 

Em meados do Século XIX, um Frade Franciscano, natural da aldeia de Louriçal do Campo, com o nome adoptado de Frei Agostinho da Anunciação, confessor da Infanta D.ª Isabel Maria de Bragança, decidiu, como projecto de realização de vida, criar na sua aldeia natal, um colégio gratuito, que albergasse meninos desvalidos.

Contando com o financiamento e ajuda da Infanta, o Colégio passou a existir em 1852, estando nesta altura entregue à Congregação das Irmãs da Caridade. Uma década depois, esta congregação foi expulsa do País, o que fez com que este Frade se deslocasse a Roma, acompanhado da Infanta D.ª Isabel, a fim de entregar a gestão deste Colégio à tutela da Companhia de Jesus.

O procedimento foi concertado com a Cúria Romana, através de uma venda fictícia a três Jesuítas Ingleses, aplicando-se a este Colégio o Regulamento do Colégio Jesuíta de Campolide.

É notória a escolha desta congregação para ser ministrado neste colégio um ensino secundário de altíssima qualidade, por todos reconhecida a nível Nacional: «Os inimigos dos Jesuítas eram os primeiros a mandar para lá os filhos.»

Aqui, as Letras, a Matemática, as Artes, no geral, A Química, a Física, a Botânica, a Astronomia (com uma forte componente prática), o Exercício Físico, a vida religiosa, equilibravam-se na disposição do tempo dos seus alunos (internos e externos).

Nomes como Egas Moniz, Afonso Costa, Cabral de Moncada, Ramos Preto, Lopes Dias estarão nos obrigatórios a referenciar.

Muitos outros houve, até porque o Colégio passou a ter fama, como se de um verdadeiro «Colégio de Nobres» se tratasse.

E os órfãos? Bem, esses frequentavam o colégio a expensas de Frei Agostinho da Anunciação, que assim mantinha a sua visão inicial viva, com a justificação de que aquele tipo de ensino teria que ter várias fontes de rendimento.

Ainda hoje existem indícios na Freguesia que o ensino dos Jesuítas não se ficou por aqui. Foram eles que incentivaram a abertura de Minas, condutas, regadios que fizeram que uma paisagem pegada ao seco Campo Albicastrense, se tornasse uma terra fértil, e que uma paisagem Serrana, que era quase lunar, passasse a ser arborizada e mais suave à vista.

O emprego apareceu, a educação reflectiu-se na vivência daqueles sítios (adequada ao entendimento de cada um), a paisagem alterou-se, a agricultura tornou-se mais fértil e diversificada, o povo, pois que vivia melhor, tinha mais saúde e, não a tendo aprendeu a utilizar aquilo que que a Mãe Natureza oferece. A aldeia até ganhou um santo, um Mártir a quem levantar os olhos em contemplação quando a alma procura aconchego. S. Fiel ainda é hoje, a referência de fé destes sítios.

E foi assim, numa aldeia engastada no sopé de uma Serra que divide o Norte e o Sul da Beira Baixa, ponto de passagens diversas como o Caminho de Santiago Interior, a passagem dos mineiros e contrabandistas do Sul e do Oriente de e para as minas de Volfrâmio, guarda dos Visigodos que fugiram da fronteira Raiana ameaçada, pasto de cultivo e agricultura para Povos Celtas, abrigo para Cristão Novos fugidos à Inquisição, posto de vigia privilegiada para uma área que vai da Serra do Moradal à Fonteira Raiana, passando o olhar por castelos templários da Beira como é o caso de Penamacor, Monsanto, Penha Garcia, Castelo Branco e estendendo-se até aos postos de defesa alentejanos como é o caso de Marvão, se viu nascer aquele que podia ter sido o ensino secundário mais justo e prometedor do País, em finais do Séc. XIX, princípio do Séc. XX.

De lá para cá, a aldeia, como todas as suas irmãs, quase morreu.

O Colégio, hoje, aperta o coração de todos os que o conhecem. O seu irmão gémeo, o Colégio de Campolide, mercê de uma vista privilegiada, abaronou-se, diria o Eça. Tornou-se sede de Reitoria de uma Universidade a quem, para concorrer com o estrageiro, deram um daqueles nomes que é imediatamente percetível a quem fala a língua do lado de lá do Canal.

Este, definha, dá dó, inspira pena, que é o pior sentimento que se pode ter relativamente seja ao que for.

O país clama aflitivamente por reformas. Estabeleceu uma Unidade de Missão para o Interior. Na Educação há décadas que se tenta «acertar a mão». A Segurança Social não dá resposta aos seus órfãos efectivos ou forçados, advindos de uma crise financeira e de valores como já não havia memória.

A posse é do Estado. Este diz que quer requalificar os seus edifícios. A Educação precisa de bons exemplos. A região precisa de empregos que tragam gente de volta. O País precisa de políticas sociais efetivas, que se constituam como soluções e não, somente, paliativos.

Se algo foi pensado, ponderado, construído e utilizado com bons resultados, desde que essas premissas se mantenham, não há porque não lhe dar a oportunidade da reabilitação. Do regresso aos seus melhores dias, avaliando aqueles que foram os maus.

Porque não aliar o que de melhor se pode fazer na área da educação, com a área da proteção de menores? Se é pela educação que o ser humano pode efetivamente evoluir, então será de desperdiçar a ideia original de Frei Agostinho da Anunciação?

Nesta enorme equação, faltam apenas dois termos: olhos para ver e coração para sentir.

 

 

 

22
Nov16

Saudade


Paula Custódio Reis

arco iris.jpg

 

Os amigos não se perdem...
Mesmo que, fisicamente, já não estejam aqui.
Esta é uma imagem que criei, para ajudar a compreender a dureza de já ter perdido gente que me é querida.
As boas memórias que criamos com eles, ajudam-nos a ouvi-los, quando mais precisamos deles. Quando precisamos de apoio, de um sorriso, de uma opinião.
É assim que eu gosto de lhes render homenagem: imaginando ou lembrando o que diriam, o que pensariam, como reagiriam......
Ajuda. Não chega para matar saudades, mas ajuda...
Tenho memória de elefante para algumas coisas, acho que para aquelas que cabem no coração, e, por isso lembro risos, frases, ensinamentos, como se estivesse a ouvi-los hoje:
"O alecrim purifica os pulmões", ouço, lá do fundo remoto da primeira infância.
"No Castelo Velho há um eléctrico" dizia o avô Manel, a convencer os netos para a caminhada.
"Eu não minto", ouvi, muitas vezes, à mesa.
"Alcains, merece tudo", sempre deste o teu melhor...
"O caminho faz-se caminhando, menina", (suspiro)...
Hoje, Novembro e chove. "O cair da folha leva tanta gente". E traz tanta saudade...

22
Nov16

Lugares de Sempre


Paula Custódio Reis

Férias na aldeia.
No sopé da Gardunha.
Para muitos, memórias. Para mim, perduram.
Gosto de Mar, de Cidades, de outras paragens. Mas esta vista faz-me falta. A Gardunha guarda segredos, dizem. Acredito. Este é o meu.
Não o guardo muito bem. Partilho-o muitas vezes. Tenho muito gosto nisso.
Mas as oportunidades de subir até aqui são muitas. E, fico sempre com a certeza que, o segredo desta Serra não é mais do que aquilo que nos faz sentir.
A primeira vista é sempre de assombro. Depois, ao voltar, porque se volta sempre, começa a entranhar-se. Deve ser sempre assim com os grandes segredos, com o que é estranho, certo?
Eu, por mim, confesso: no meu estado atual, vivo, respiro e sinto esta Serra em cada célula. Osmose.
Quem quiser vir esquadrinhar, fica o convite: este sítio, esta vista, fica a oeste da Pedra Sobreposta e de Monsanto, a Leste da Nascente da Ocreza e das Minas da Panasqueira, a Norte da Anta e de Castelo Branco, a Sul do Castelo Velho e da Estrela. No Caminho do Meio, como é conhecido por estas paragens. É uma varanda natural a meio da Serra.
Alguem se atreve?

Foto de Paula Custódio Reis.
Foto de Paula Custódio Reis.
22
Nov16

Da Natureza


Paula Custódio Reis

A natureza é providencial. Generosa. Abundante, para quem a cuida.
Mas, no seu princípio feminino, reage como tal: tem dias de lua, dias tempestuosos, dias de zanga. Quase sempre como resposta ou, simplesmente, porque sempre foi assim.
E o Homem insiste em desafiá-la. Em confiar na bonança. Em acreditar no próprio ego, que lhe diz que a sua inteligência é superior às forças da Natureza. Até quando?
"Natureza: ela sempre esteve aqui..."

Foto de Paula Custódio Reis.
22
Nov16

Outono


Paula Custódio Reis

Já houve alturas em que gostei do Outono. Essa estação colorida e generosa que encanta a vista.
Por volta dos dez anos, tenho a lembrança de dezenas de miúdos, a varrer a pontapé as folhas da Avenida, a caminho da telescola.
Vínhamos dos diferentes bairros, em grupos combinados, acabando por nos encontrar pelo Adro, para iniciar a subida. Se uma carrinha de caixa aberta parava, era uma alegria. O vento frio na cara era compensado pelas risadas, causadas pelo despenteado dos cabelos.
O lanche e algum brinquedo na mochila, para o intervalo grande. Mas as brincadeiras, quase sempre de grupo. Acho que ainda me lembro da dor de queixo, fruto de uma queda em voo a saltar aos talegos.
Em suma: transportes perigosos, brincadeiras violentas, colegas perigosíssimos, vindos da reeducação (com quem partilhávamos caminhos, carteira e brincadeiras) e um sistema de educação incompreensível para os nossos dias...
E memórias, boas memórias de uma escola especial, ali na aldeia.
Olha, sobrevivemos todos. E não somos selvagens...

 

Foto de Paula Custódio Reis.
22
Nov16

Noites de Verão


Paula Custódio Reis

Gosto de ouvir, de ler, de falar, de escrever.

Gosto de memórias, de sonhos e de projectos.

Gosto de coisas simples e de idéias elaboradas.

 

Sou do campo, mas gosto de mar revolto.

Gosto de aprender e de partilhar.

 

A escrita é vício de sempre...

Daí este espaço: um terraço virtual onde podemos encontrar-nos...

Até já!

 

Paula

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